
Negro, homossexual e marginal. Este é o breve perfil de João Francisco dos Santos, a Madame Satã, falecido há 43 anos. O mito carioca ficou conhecido por ser valente, feroz e bastante temido no bairro da Lapa.
Madame Satã chegou no bairro ainda jovem. Para os parâmetros da época, levava uma vida de malandro, entre michês, bandidos, sambistas e prostitutas.
Ficou conhecido como um dos mais habilidosos capoeiristas já vistos. O jogo era utilizado para se proteger e erguer assim sua fama. O que salta aos olhos na trajetória de Madame Satã porém, foi a imagem impressionante de sua personagem. Apresentando-se em cabarés decadentes, travestido com roupas femininas e entoando canções lânguidas e românticas, isto num universo predominantemente machista que se fazia prevalecer pela lógica da violência.
Satã, quando considerava que lhe faltavam o respeito, desferia seus habilidosos golpes de capoei¬ra, ou usava a navalha que pos¬suía, marca do malandro que era. Por mais que a violência seja vista como algo abominável, o fato de uma pessoa completamente fora dos padrões de aceitação social não se curvar à opressão é um fato que chamou a atenção. Seus enfrentamentos com a polícia carioca estão entre suas brigas mais famosas.
Em 2002 Madame Satã virou nome de filme protagonizado por Lázaro Ramos. Como um golpe de capoeira ou uma quebrada dos quadris na dança, Madame Satã não se distingue onde começa ou termina o bem e o mal, a mulher e o homem.
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